Perueiros acampam há um dia na Câmara Municipal de Guarulhos

Cerca de 120 perueiros estão acampados no plenário da Câmara Municipal de Guarulhos, na Grande São Paulo, desde meio-dia desta terça-feira (9) para protestar contra a proibição da circulação de vans de transporte no município.

“São 62 dias parados sem receber nenhum centavo. Chegamos ontem meio-dia no plenário, na parte dos espectadores. Passamos a noite aqui e vamos ficar até conseguir falar com o prefeito”, afirmou o representante dos perueiros, Adonai Flores Melgas, 56 anos.

A Prefeitura de Guarulhos afirmou em nota que trabalha para adaptar o “sistema de transporte na cidade de Guarulhos para cobrir a retirada das 220 vans de lotação, que tiveram as liminares suspensas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no último dia 15 de fevereiro”.

O representante dos perueiros afirma que trabalha com lotação no município há 19 anos, mas que desde fevereiro deste ano caiu a liminar que permitia que os perueiros continuassem a trabalhar na cidade. A prefeitura proibiu as vans em 2010. Desde então, algumas conseguem circular amparadas por decisão temporária da Justiça.

Segundo Melgas, há aproximadamente 120 pessoas acampadas na Câmara. “A situação é caótica. Ontem não deixaram entrar a janta, que estão doando para a gente. O presidente [da Câmara] disse que só poderia com a presença de um vereador. Demorou 3 horas, fomos comer quase meia-noite”, afirma.

Segundo a assessoria da Câmara Municipal, o protesto começou durante discussões sobre o assunto na Casa, na noite de terça, quando os manifestantes resolveram permanecer no local. A Câmara fecha às 17h, e o presidente autorizou a entrada e saída durante o tempo em que estava aberta e não se opôs à presença dos manifestantes, diz a assessoria. Mas não será permitida a entrada e saída após o fechamento nesta quarta.





Melgas diz ainda que há muitos idosos no local acampados. “Nossa liminar não está cassada, ela está suspensa. Deviam nos deixar trabalhar. No entanto, passaram por cima do juiz da 1ª Vara”, disse.

Outro lado
Em nota, a prefeitura afirmou que as vans atuavam com base em decisões da Justiça que foram derrubadas. “Elas atuavam desde 2010 sob efeito de liminares, recebendo mensalmente cerca de R$ 3,5 milhões da municipalidade pelo pagamento do Bilhete Único, utilizado pelos cerca de 1,2 milhão de passageiros transportados por mês”, afirma.

Segundo a nota, “os recursos agora serão direcionados à melhoria dos ônibus e micro-ônibus que integram o sistema público da cidade”. “O sistema de transporte do município já foi idealizado com a substituição das lotações por micro-ônibus, que são mais confortáveis e seguros.”

“As vans não transportam idosos e nem deficientes, não possuem corredores para acomodar as cadeiras de rodas, assim como não possuem balaustres para transportar passageiros em pé, o que significa uma completa falta de segurança aos usuários, sem contar as numerosas reclamações em relação ao estado dos veículos, que, ao quebrar, não contam com substitutos. Outras reclamações recorrentes referem-se ao trânsito, prejudicado pelo tempo que esses veículos ficam parados nos pontos e fora deles à espera do número mínimo de passageiros para prosseguir viagem”, completa na nota.

“O número de infrações cometidas pelos motoristas de vans demonstra a completa falta de respeito em relação às leis de trânsito, colocando em perigo os usuários e os demais motoristas e pedestres, que ficam à mercê dos carros em alta velocidade, que ultrapassam os sinais vermelhos, passam por cima das calçadas, canteiros e outros locais proibidos”, conclui a prefeitura.

Atualmente, Guarulhos conta com 922 ônibus e micro-ônibus em sua frota, com 93% adaptados aos deficientes e portadores de mobilidade reduzida, diz o órgão.

Fonte: G1





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