Promessas e índices ruins marcaram expedição do Flutuador em Guarulhos

Após quase dois anos, a equipe da TV Globo São Paulo volta ao Rio Tietê para repetir a navegação em seu curso. Na primeira viagem de 554,8 km ao longo do rio, apenas 21% dos índices foram considerados bons. Entre os 79% restantes, 38% são de índices ruins e 41%, a maioria, de índices péssimos. Dos 30 municípios percorridos pela expedição, 12 tratam menos de 50% de esgoto.

O guardião do Flutuador, Dan Robson, e a equipe composta pela repórter Glória Vanique e o repórter cinematográfico Mikael Fox irão conferir se houve melhora na qualidade da água do rio e se foram cumpridas as promessas feitas pelas autoridades. O Tietê tem cerca de 1.100 km de extensão.

Início
A expedição em 2009 começou em 1° de setembro, em Biritiba-Mirim, na região metropolitana de São Paulo. No trecho inicial, de nove quilômetros de navegação, o maior empecilho foram os galhos de árvores caídos ao longo do rio. O índice de oxigênio na água no início da expedição estava com boa qualidade e ficou entre 6,5 mg/l e 7,6 mg/l (miligramas por litro, a medida utilizada para aferir a poluição da água no projeto).

A poluição da água se agravou ao longo dos dias de navegação, que deverão ter, em 2011, os trechos percorridos de maneira semelhante a 2009. O quinto dia de navegação, por exemplo, deverá passar pela mesma parte do Tietê no município de Mogi das Cruzes, no qual, na primeira expedição, o índice chegou a 0,1 mg/l, considerado de qualidade péssima.

Na época, o secretário do Verde e do Meio Ambiente de Mogi das Cruzes se comprometeu a limpar o rio. Ainda em Mogi, no sexto dia de navegação, a enorme quantidade de lixo presente nas águas do Tietê rasgou o caiaque.

A expedição também contou com outros momentos inesperados. No oitavo dia, carcaças de carros foram encontradas no leito do rio em São Miguel Paulista, bairro da Zona Leste de São Paulo. Após quase um mês, os veículos foram retirados.

Melhores e piores trechos
Na capital e nos municípios de guia de Guarulhos, Osasco, Encontra Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, foram muitos dias de navegação com qualidade péssima, a ponto de a equipe ter que usar máscara para aguentar o cheiro da água. A exceção do trecho foi justamente a melhor medição da expedição, em uma barragem em Pirapora, com 7,2 mg/l.





O prefeito de Santana do Parnaíba afirmou que, até 2012, 60% do esgoto do município será coletado e tratado. Em Pirapora do Bom Jesus, a promessa é de coleta de 100% dos dejetos da cidade em 2013.

No 11º dia, no trecho entre a Ponte Cruzeiro do Sul e a Rodovia Anhanguera, o Flutuador registrou 0,0 mg/l entre 11h50 e 13h02, o pior da expedição.

Depois, o Flutuador partiu rumo ao interior de São Paulo, e chegou a Salto no 16º dia, onde Dan enfrentou corredeiras e muita correnteza, o que não diminuiu a poluição da água, oscilando entre níveis ruins e péssimos por praticamente toda a expedição. No município, a promessa do prefeito era de que o esgoto seria coletado em sua totalidade a partir de janeiro de 2010.

Em Porto Feliz, no 18° dia, o guardião do Flutuador contou com a ajuda de um morador local para fazer a navegação. Dan também recebeu ajuda da população no 25º dia, no município de Anhembi, para enfrentar os fortes ventos que desequilibravam o caiaque.

Apenas no 26º dia, os índices voltaram a melhorar, atingindo uma das melhores marcas no último e 28º dia, 2 de outubro, quando o Flutuador registrou 6,8 mg/l em Barra Bonita às 8h08.

Nesta segunda-feira (22), o Flutuador volta ao Rio Tietê. “Se as empresas fizeram o tratamento de esgoto, um pouco, e a população entendeu que não se joga lixo em um rio, todo esse contexto traz uma melhora. Então, a natureza, por si só, começa a fazer a limpeza. E um pouco de ajuda é bem visto. Se o pessoal melhorou suas atitudes, o rio vai melhorar seu aspecto também”, afirma Dan Robson, sobre o que espera ver dessa vez.

Outras expedições
O Flutuador também realizou expedições no Rio Pinheiros durante duas semanas, entre 23 de novembro e 4 de dezembro de 2009. Os índices, em geral, foram ruins e péssimos, e só melhoraram nos trechos mais próximos à Represa Billings.

Entre 16 de novembro de 2010 e 25 de janeiro de 2011, 572 quilômetros foram percorridos para verificar a qualidade da água das quatro principais represas que abastecem a Grande São Paulo: Billings, Paiva Castro (Cantareira), Taiaçupeba (Alto Tietê) e Guarapiranga. A média de oxigênio de todos os índices foi 6,3 mg/l, considerada boa.

Fonte: G1





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