Unifesp Guarulhos rejeita apelo de docentes e inciará obra

A reitoria da Universidade Federal da cidade de São Paulo (Unifesp) rejeitou o pedido da Congregação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), de Guarulhos, para adiar edital para construção do novo prédio do campus. Parte dos professores pedia o congelamento do processo até que o debate em torno de uma possível mudança do bairro dos Pimentas fosse finalizado. No início do mês, os docentes enviaram um dossiê ao reitor Walter Alberton pedindo a transferência do campus para outra cidade.

Segundo a administração da universidade, porém, os envelopes serão abertos na segunda-feira para definir a empresa que dará andameno à obra, orçada em 50 milhões de reais. A construção do prédio principal do campus é prometida desde 2007, ano da inauguração. A falta de infraestrutura já provocou diversas manifestações por parte dos alunos, que estão em greve desde março. Eles chegaram a ocupar a reitoria, mas foram retirados pela Polícia Militar após uma ordem judicial de reintegração de posse.

Já os professores alegam que a unidade é isolada geográfica e culturalmente, além de não acrescentar nada à região onde está, no carente Bairro dos Pimentas. Além de dificultar o acesso à maioria dos funcionários e alunos, colaborando para os altos índices de abandono, a localização prejudicaria as pretensões de excelência do campus.

“A dificuldade extrema de acesso ao campus Guarulhos impede que os alunos recebam devidamente a formação concebida pelo projeto acadêmico original da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH )”, diz o dossiê. “A EFLCH foi fundada para cumprir seu projeto acadêmico original; não para atender às urgências do Bairro dos Pimentas”, acrescenta. Os professores favoráveis à mudança defendem a mudança dos cursos para o centro de São Paulo. Isso porque a Unifesp acaba de oficializar o prédio que abrigará um curso de direto a partir de 2014, no Largo do Paissandu.





Histórico – Criada em 1994, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) se originou da Escola Paulista de Medicina, fundada na década de 1930. Sinônimo de excelência, foi responsável pela formação de alguns dos mais renomados médicos do país. Em 2007, a instituição aderiu ao Reuni, programa do governo federal de expansão universitária, elevando deste então a oferta de vagas em 520% (de 1.512 para 9.400). Aos já existentes campi de São Paulo e da Baixada Santista, se juntaram os de Guarulhos, Diadema e São José dos Campos, em 2007, e de Osasco, em 2011.

A universidade deixou de atuar exclusivamente na área da saúde e passou a oferecer graduação em ciências humanas e exatas. Esperava-se que a excelência conquistada pela antiga Escola Paulista, núcleo formador da Unifesp, fosse levada a todas as unidades. Essa marca, contudo, está em risco devido aos problemas de infraestrutura da instituição, que se expandem na velocidade do Reuni.

No campus de Guarulhos, a situação é pior. Ali, são oferecidos cinco cursos a 2.808 estudantes. O prédio principal, que deveria ter sido inaugurado no segundo semestre de 2010 e que agora começa a sair do papel com a abertura dos envelopes, terá 20.000 metros quadrados, que abrigarão 44 salas de aula, 22 gabinetes de pesquisa, refeitório e biblioteca. O reitor da Unifesp, Walter Albertoni, culpa a burocracia pelos atrasos – é a mesma alegação do Ministério da Educação, contestada por especialistas em construção e administração pública. “Um projeto demora a ser executado: são três, quatro anos. Há a burocracia de todos os órgãos de controle”, diz Albertoni.

Fonte: Agência Estado





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